ASSATA SHAKUR – UMA REVOLUCIONÁRIA ESTADUNIDENSE.
Na última quinta-feira, 25 de setembro, faleceu aos 78 anos, em Cuba, a revolucionária estadunidense Assata Shakur. Nascida em Nova Iorque em 16/07/1947, ainda jovem Shakur se ligou ao Partido dos Panteras Negras, movimento revolucionário criado pela população afro-estadunidense que lutava contra a violência policial e por transformações sociais profundas no país. Dentro da organização, Shakur participou, no bairro negro do Harlem, da organização de clínicas médicas e programas de alfabetização.

No começo da década de 1970, Shakur participa da fundação do Exército de Libertação Negra, organização que reivindicava o marxismo-leninismo. Formada por dissidentes dos Panteras Negras, a organização foi fortemente influenciada pelas lutas anticoloniais do Vietnã e da Argélia.
Por sua postura combativa, de organização da população negra e de não tolerar a violência policial, os Panteras Negras foram alvo de violenta perseguição. Muitos de seus líderes foram assassinados, como Fred Hampton e Mark Clark. Outros foram presos por crimes que não cometeram. Alguns foram condenados à prisão perpétua. Um caso emblemático é o de Mumia Abu-Jamal, condenado à morte por supostamente ter matado um policial branco que espancava seu irmão. Em 2008, uma Corte Federal de Apelações transformou sua pena em prisão perpétua.
A perseguição policial não se limitou aos Panteras Negras e atingiu toda a militância negra revolucionária. Shakur foi presa, em 1973, também acusada de supostamente matar um policial em uma troca de tiros numa abordagem. Mesmo se rendendo foi atingida por 5 tiros, alguns no braço, cujos ferimentos mostram que seria impossível ela ter disparado a arma que matou o policial. Ferida e grávida foi submetida na cadeia a sessões de espancamento e tortura. Em 1977 foi julgada por este crime e outros que o FBI lhe imputava. O veredito foi condenação à prisão perpétua.
Em 1979, Shakur foge da prisão com ajuda de membros do Exército de Libertação Negra e da Organização Comunista 19 de Maio. Após anos vivendo clandestinamente dentro dos Estados Unidos consegue fugir para Cuba, onde recebeu asilo político. Em 1988 Shakur lança sua autobiografia, publicada no Brasil em 2022 pela editora Pallas, com prefácios de Angela Davis e Lennox Hinds.
Desde 2013, Shakur teve seu nome incluído pelos Estados Unidos na lista dos terroristas mais procurados. Lista que para nós é uma homenagem, pois nela figuram e figuraram importantes dirigentes políticos da luta anticolonial, a exemplo de Nelson Mandela, cujo nome só foi retirado em 2008.
Shakur foi figura de grande importância na luta da população afro-estadunidense. Por seu exemplo mostrou a muitas mulheres a capacidade e necessidade de estarem na frente de luta. Em 2000, o rapper Common gravou a canção A Song for Assata, que enaltece a história de Shakur, disponível no YouTube no link: https://www.youtube.com/watch?v=HaqXrT9bU10.
Liga Comunista Brasileira – LCB
30 de setembro de 2025
