TODO APOIO AOS MEMBROS DA FLOTILHA SUMUD.

No dia 3 de outubro, Israel interceptou os barcos da flotilha Sumud e deteve os tripulantes. A flotilha, que iniciou sua jornada no final de agosto, contando com 44 embarcações e mais de 500 ativistas, buscava furar o estrito bloqueio que Israel mantém à Faixa de Gaza, navegando em águas internacionais para alcançar a costa de Gaza, sem cruzar território israelense. Enquanto o Estado sionista impede a chegada de alimentos e remédios à região, usando a fome e a falta de acesso a tratamentos de saúde como arma de guerra para eliminação do povo palestino.
A forma como são tratados os detidos pelo Estado colonial e racista de Israel – cujo projeto é roubar a totalidade das terras palestinas e se expandir para regiões da Síria, Líbano, Jordânia e Egito –, somada à falta de informação sobre essas ações, são uma das principais preocupações nesse momento. Alguns detidos já foram deportados, mas os 15 brasileiros que integravam a flotilha encontram-se detidos na prisão Ketziot, um dos maiores centros de detenção israelense. Há informações de que os brasileiros Miguel Viveiros de Castro e João Aguiar, que estavam desaparecidos, estão entre eles.
As informações fornecidas por Israel não trazem nenhum alívio às preocupações com os detidos. A manipulação e a mentira sistemáticas são práticas constantes do Estado sionista, que conta sempre com a mídia hegemônica ocidental na reprodução de suas mentiras, como vemos nas reportagens da Globo sobre o conflito, por exemplo. Alguns dos detidos já liberados dão informações sobre o péssimo tratamento dispensado a eles. Greta Thunberg informou que sua cela estava infestada de insetos e, em poucos dias detida, a ativista sueca já apresentava sintomas de desidratação, pelo não fornecimento de água e comida em quantidade suficiente. Há denúncias de que oficiais sionistas usaram de violência contra a ativista: “Eles arrastaram ela [Greta] pelo cabelo, espancaram e fizeram ela beijar a bandeira de Israel”, denunciou o jornalista e ativista turco, Ersin Celik, também detido na operação.
Não podemos esquecer que o projeto colonial e racista de Israel a cada dia ultrapassa mais seus limites: a execução de crianças e jornalistas em plena luz é a prova viva disso. Não nos esqueçamos que, em 2010, militares israelenses executaram membros de uma flotilha humanitária com o mesmo caráter, alegando que houve um confronto no barco.
Devemos lembrar que todas as pessoas presas estavam apenas levando ajuda humanitária para o povo palestino. Ao contrário do que afirma o ministro da segurança de Israel, Ben-Gvir, essas pessoas não são terroristas. Esperamos que todos(as) sejam libertados(as) o quanto antes e que o governo do Brasil tome todas as medidas necessárias para pressionar Israel a libertá-los, antes que seja tarde e acabemos por presenciar novas e mais brutais violências contra os brasileiros. Não podemos esquecer do brasileiro Walid Ahmad, morto em março de 2025 por inanição e falta de cuidados médicos numa prisão israelense.
O governo brasileiro precisa agir com mais firmeza contra Israel
Esses acontecimentos comprovam mais uma vez que não é possível haver diálogo com fascistas. O sionismo, como uma das correntes do fascismo, precisa ser diretamente combatido, e o Brasil deve aumentar a pressão contra Israel, rompendo relações diplomáticas e comerciais imediatamente.
A pressão contra Israel é, no momento, a única arma em defesa do povo palestino. Embora o governo brasileiro já tenha tomado algumas medidas contra o regime sionista, é preciso ir além: cortar definitivamente as relações diplomáticas, impor um embargo comercial total e investigar a presença massiva do lobby israelense no Brasil – uma relação certamente prenhe de crimes e ilegalidades como a corrupção de servidores públicos, sobretudo do setor de segurança pública. É fundamental também pressionar empresas e instituições com relações intimas com Israel, investigando essas relações, em especial as igrejas neopentecostais, e impedir que empresas como a israelense Elbit Systems controlem ativos estratégicos, como o sistema de monitoramento da Amazônia. Medidas desse tipo já foram adotadas por diversos países, algumas medidas até mais audaciosas, como a proposta de ação armada do presidente colombiano Gustavo Petro para a libertação de Gaza, demonstrando que é possível e necessário intensificar a pressão.
É preciso parar imediatamente o genocídio
No dia 21 de setembro de 2025, Canadá, Austrália, Portugal e Reino Unido, pressionados pela opinião pública, reconheceram oficialmente o Estado soberano Palestino, somando-se a mais outros 143 países que já o fizeram. Esses países foram forçados, pela mobilização popular de seus próprios povos, a reconhecer a soberania do povo palestino, mas ambos mantêm relações comerciais, diplomáticas e militares com o Estado genocida de Israel.
O que muitos já denunciavam desde a criação de Israel fica cada dia mais óbvio: quem promove o terrorismo na região é o regime sionista, comandado por Benjamin Netanyahu. O primeiro-ministro usou a escalada no conflito em outubro de 2023 para cruzar todas as linhas. Na busca por salvar seu mandato e se livrar de diversas acusações de corrupção e perda de apoio interno, Netanyahu intensificou sua corrida bélica. Nesses quase 700 dias, a limpeza étnica na região se intensificou por meio de práticas só comparáveis aos piores anos do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Trata-se de um genocídio sanguinário promovido contra a população civil desarmada com a constante execução de homens, mulheres e principalmente crianças.
Saudamos a coragem da flotilha Sumud
Temos notícias de que nos calabouços de Israel os sequestrados entoam a plenos pulmões a canção Bella Ciao, conhecido cântico antifascista da Segunda Guerra Mundial. Com esse ato de bravura fica registrado, não só na memória, mas também na história, que o mundo não vai virar as costas para a Palestina, que as pessoas que saem aos milhares nas ruas de inúmeros países mundo afora não irão deixar passar batido tamanho genocídio jamais visto na história. E que a resistência, a humanidade, a justiça e a solidariedade permanecerão firmes até o dia em que Israel pague por todas as suas atrocidades cometidas desde 1948.
Liberdade às/aos 15 brasileiras/os e todas/os sequestrados da flotilha Sumud!
Pelo fim das relações comerciais e diplomáticas do Brasil com o Israel!
Pelo fim do genocídio palestino!
Palestina livre do rio ao mar!
Comitê Central da Liga Comunista Brasileira – LCB
5 de outubro de 2025
