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A CLASSE OPERÁRIA EM LUTA É O FATOR DETERMINANTE PARA ALTERAR A CONJUNTURA

Nas últimas semanas, diversas categorias operárias se colocaram em luta por suas reivindicações econômicas. Ainda é cedo para qualquer afirmação taxativa, mas essas mobilizações podem representar a entrada em cena da classe operária, cujas lutas podem trazer alterações substanciais na consciência das lutas de massa no Brasil. Estas, atualmente marcadas por pautas de cunho democrático, com a entrada em cena da classe trabalhadora podem evoluir para uma luta de classe aberta.

A greve dos petroleiros, em uma semana de paralisação, com grande adesão da categoria e espalhada por diversas unidades, inclusive nas plataformas marítimas, foi suficiente para quebrar a intransigência da Petrobrás, obrigando a empresa a apresentar uma contraproposta. O impasse da greve está em três pontos: uma solução para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, cujos impactos são sentidos por aposentados e pensionistas; melhoria no plano de cargos e salários, com garantias de recomposição automática sem aplicação de limitadores como mecanismos de ajuste fiscal; e a defesa da Petrobras como empresa pública e estatal, com o fim das terceirizações e outras formas de precarização do trabalho.

Outra paralisação importante é a dos trabalhadores dos Correios. Diante da negativa da empresa em aplicar aumentos reais de salários e aumentar o efetivo, os “carteiros” entraram em greve. A proposta da empresa é a de apenas repor a inflação e manter congelado o valor do tíquete refeição. A justificativa é a grave crise financeira, com previsão de déficit de R$ 23 bilhões para 2025. A saída para a empresa é jogar o preço da crise nas costas dos trabalhadores, com o congelamento dos salários, plano de demissão voluntária e corte de serviços considerados deficitários, mas que atendem regiões remotas do Brasil. A pauta dos trabalhadores é evitar, sob a justificativa do saneamento financeiro, a privatização da empresa.

Por fim, cabe uma menção a greve dos rodoviários de Campo Grande. Os trabalhadores protestavam contra uma situação comum no final de todo ano: o atraso no pagamento do 13° salário. Porém, o destaque dessa greve está na reação dos trabalhadores diante da decisão do desembargador da Justiça do Trabalho da 24ª Região durante a audiência de conciliação. Sem apresentar contrapartida aos trabalhadores, o desembargador determinou a retomada de no mínimo 70% do serviço, cujo resultado seria o enfraquecimento da greve. A reação da categoria presente na sessão de audiência foi icônica: abandonaram em massa o auditório e ainda por cima escarneceram do desembargador ao reponderem em voz alta: “Vou trabalhar de graça? Está doido?”, ou “Pergunta pra ele se o salário dele tá atrasado?”¹. Com tal gesto, os motoristas de Campo Grande demonstraram enorme altivez diante de uma justiça que em tese deveria defendê-los. E ensina ao conjunto da classe trabalhadora como esta deve, em sua luta, confiar apenas na sua organização e consciência, sem criar ilusões de que outros aparelhos institucionais virão salvá-la da exploração capitalista.

¹ Confira no vídeo: https://www.instagram.com/reel/DScXvz_gfNX/?igsh=MWp5NzhqYjU5Y25saA==

Liga Comunista Brasileira – LCB

23 de dezembro de 2025