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BOLSONARO E A HERANÇA DA DITADURA.

Artigo de opinião por Igor Grabois

Bolsonaro, além de ser um mau militar, era um deputado de partidos herdeiros da Arena. Um deputado do baixo clero que conseguia notoriedade em função das barbaridades que fazia e falava.

Aprendeu, nos 30 anos de vida parlamentar, todos os truques e baixarias da política parlamentar. Funcionários fantasmas, rachadinhas, mesada de empreiteira, não tem uma única prática do varejo político que o deputado Bolsonaro não estivesse envolvido. Tanto que ensinou aos seus filhos com mandato na Câmara e Assembleia do Rio.

Por uma conjunção da história, esse deputado herdeiro da Arena e dos porões da repressão política virou presidente da República. A combinação perfeita da ditadura militar, oficial do exército e politico da Arena.

Na presidência da República, Bolsonaro recheou o ministério de generais. Seus assessores palacianos eram oficiais das Forças Armadas. E um general, contemporâneo de AMAN do então ocupante do Palácio do Planalto, o general Ramos, secretário de governo, fez o acerto que entregou para a Arena a gestão orçamentária.

Daí vêm as tais emendas parlamentares, que alimentam as máquinas eleitorais com dezenas de bilhões de dinheiro público.

Repetiu o arranjo político da ditadura. Militares nos cargos executivos, políticos ligados ao latifúndio e às famílias tradicionais nos cargos legislativos e governos estaduais. Com uma diferença. O orçamento era controlado pelos ministros da fazenda dos presidentes-ditadores com mão de ferro e os generais levavam os políticos na rédea curta.

O pacto da Constituinte de 88 diminuiu o poder dos políticos originários da Arena, sejam abrigados no nome fantasia que for, PDS, PFL, União, DEM, PL. PSDB e PT assumiram o proscênio com o auxílio luxuoso do PMDB.

A eleição de Bolsonaro quebrou esse padrão. O PSDB desapareceu, o PT se mantém com 15 a 20% da Câmara e o PMDB se diluiu no Centrão, aliás Arena. Para completar o quadro foi eleita em 2018 e 2022 uma fauna de coronéis, delegados, pastores, youtubers. Todos neófitos na política. A bancada fascista não sabe os meandros do processo legislativo e pra isso precisou comer na mão de Arthur Lira, Ciro Nogueira e que tais, filhos, netos e bisnetos de políticos. Nos 30 anos que se seguiram à Constituinte de 88, esse pessoal se limitou a vender votos na Câmara e receber migalhas do governo de plantão.

Com Bolsonaro, tiveram na presidência um dos seus, que em troca de permanecer na presidência entregou-lhes a execução orçamentária. Ao fim e ao cabo, os chefões da Arena rediviva substituíram os generais no Palácio do Planalto pra fazer o leva e trás das emendas e cargos.
Bolsonaro desalojado do Planalto, a Arena montou um bunker na Câmara dos Deputados em condomínio com a fauna da extrema direita.

O resultado é me dá uma anistia aí que eu te dou uma PEC da Blindagem. A Arena/Centrão precisa dos votos da extrema-direita. A extrema direita precisa da Arena/Centrão pra verbas, emendas e o tráfego legislativo. Assim eles se juntam pra saquear o povo.

É preciso derrotar o centrão e o fascismo juntos. Um não vive sem o outro.

Igor Grabois – Membro do Comitê Central da Liga Comunista Brasileira – LCB

Publicado em 18/09/2025