MULHERES VIVAS!
O último domingo foi marcado por atos em todo Brasil em defesa da vida das mulheres, chega de feminicídio.
Parece tão absurdo atualmente dizer: eu tenho medo de sair sozinha. Mas essa é a nossa realidade todos os dias! Medo de sair muito cedo, medo de sair a noite, medo de sair do trabalho, medo de sair para passear, medo de sair para fazer atividades físicas, e esse medo é pelo simples fato de sermos mulheres!
O número de ataques violentos contra nós, nas ruas, tem crescido de maneira assustadora, e a violência doméstica então é absurda, respondendo ao maior número de casos de violência registrada no disque 180 segundo o Ministério das mulheres (https://www.gov.br/mulheres/pt-br/ligue180/painel-de-dados). Homens que não aceitam o fim do relacionamento, homens que se sentem desimpedidos de atacar mulheres no ônibus, na praia, no parque, na via pública. Onde estão os outros homens quando presenciam essas cenas? Sempre importante lembrar: homens, não agir é ficar do lado do agressor. Silêncio é pacto!
E isso tudo tem motivado milhares de mulheres no Brasil a saírem às ruas e dizer “CHEGA DE NOS MATAR! VIVA NÓS QUEREMOS!”
Precisamos que as delegacias funcionem 24 horas de segunda a segunda; de mais capacitação aos profissionais da segurança pública; unidades de saúde que funcionem realmente como espaço de acolhimento e cura, que o poder público providencie mais casas de acolhimento às mulheres em situação de violência. E para tudo isso funcionar é necessário ter investimento público e trabalho integrado entre municípios, estado e governo federal.
É inaceitável que o Brasil ostente a vergonhosa posição de quinto colocado entre os países em que mais se mata mulheres no mundo. Segundo dados do Atlas da Violência de 2025, enquanto a taxa geral de homicídios era de 3,5 por 100 mil habitantes, a taxa de mulheres assassinadas era de 4,1 por 100 mil. Quase 65% desses homicídios aconteceram no ambiente doméstico.
Quando se faz um corte racial na análise dos dados, a violência contra as mulheres negras é ainda maior. A taxa de homicídios contra mulheres negras é de 4,3 por grupo de 100 mil habitantes. Em 2023, 68,2% das vítimas de feminicídio eram mulheres negras.
Em uma sociedade que acha normal sentir medo, e ouvimos todos os dias que precisamos saber os horários para sair de casa, essa não é a sociedade que sonhamos. Não é a sociedade que queremos viver!
Queremos a liberdade de viver todos os dias livres e sem medo!
Queremos uma sociedade justa e igualitária, uma sociedade igual entre homens e mulheres!
Que atos como do último domingo sirvam para dar um basta a toda essa violência: MULHERES VIVAS!
Liga Comunista Brasileira
11 de dezembro de 2025