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NÃO SE DEFENDE A SOBERANIA CONFIANDO NA BURGUESIA.

Desde o início dos ataques imperialistas de Trump contra o Brasil, a reação do governo é a de mobilizar os capitalistas atingidos pelo tarifaço. Essa abordagem reduz o ataque à nossa soberania a um conflito de natureza comercial, e tenta contornar o tarifaço ao entabular negociações diretas com setores empresariais dos Estados Unidos também impactados pelo anúncio das medidas.

Porém, o que está em jogo é algo muito maior. O imperialismo estadunidense, na luta contra a sua decadência, arrasta o Brasil para um conflito de natureza geopolítica. O alvo dos ataques ao Brasil são os BRICS e o controle do espaço político e econômico latino-americano diante do retumbante avanço chinês sobre a região. A anistia a Bolsonaro, colocada por Trump como condição para negociação comercial, é peça fundamental dessa estratégia.

Ao exigir a anistia a Bolsonaro, permitindo que ele concorra na eleição presidencial de 2026, os Estados Unidos teriam um candidato completamente alinhado aos seus interesses. Tudo indica que a família Bolsonaro, através do filho Eduardo que está nos Estados Unidos, já entabulou negociações com Trump.

O roteiro é conhecido. Trump impõe tarifas comerciais escorchantes e sanções a autoridades brasileiras, como a lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes e, em troca, caso o Brasil ceda e Bolsonaro seja anistiado e vença, seu governo aplicaria uma agenda de interesse completo dos Estados Unidos. O próprio Bolsonaro já anunciou em fevereiro, que caso possa concorrer e ser eleito, tiraria o Brasil dos BRICS e permitiria a instalação de bases militares na Tríplice Fronteira.

Estamos diante, portanto, de um ataque sem precedentes a nossa soberania. Essa ingerência dos Estados Unidos se apoia nos segmentos mais reacionários da classe dominante e das camadas médias. A esse setor entreguista pouco importa a defesa da soberania. Interessa-lhes muito mais se livrar de uma força política que imaginariamente representaria uma ameaça aos seus interesses e à sua visão de mundo.

Por isso o povo precisa ser mobilizado e entrar nessa disputa. Não se pode confiar na burguesia brasileira. Preocupada apenas com seus negócios, ela vai roer a corda caso passe a ser alvo de medidas coercitivas do governo Trump. O Bradesco, que têm investimentos internacionais, já manifestou temores de ser alvo da lei Magnitsky. Vozes na grande imprensa burguesa cobram do governo que este negocie o tarifaço e que Lula faça um gesto de entendimento e telefone a Trump.

Porém, não há o que negociar, pois o que está em jogo é a destruição da soberania nacional disfarçada de disputa comercial. Não nos cabe qualquer tipo de entreguismo que envolva, por exemplo, negociações que ataquem o Pix  ou a participação dos Estados Unidos na exploração das terras raras brasileiras, como sugeriu o ministro Fernando Haddad.

Os Estados Unidos agem como um rato que ruge. Sob a gestão Trump ameaçam os países com o fogo do inferno, caso não cedam integralmente aos seus interesses. Mas, quando encontram resistência, recuam de suas bravatas. A decisão de Trump de retirar quase 700 produtos brasileiros do tarifaço é um exemplo e foi fruto da decisão acertada do governo de não admitir ataques à soberania brasileira.

Como ensina Marx em Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel: A força material tem de ser deposta por força material. O ataque imperialista ao Brasil, apoiado por forças internas entreguistas, só será vencido pelo povo mobilizado. Não se pode tratar o conflito com Trump como uma disputa comercial. Deve-se considerá-la como uma disputa de natureza geopolítica, em que a nossa soberania está sob grave risco de retrocesso, com impacto profundo na luta de classe no Brasil.

Só a massa trabalhadora é capaz de defender de verdade a soberania nacional.

Liga Comunista Brasileira – LCB

6 de agosto de 2025