O CAPITAL FINANCEIRO É A MAIOR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DO BRASIL
O escândalo do banco Master tem potencial para causar um enorme estrago nos meios políticos burgueses. No linguajar burguês, o Master tinha uma gestão considerada arrojada e de alto risco, por oferecer retornos de investimento em CDB acima da média do mercado. Mas, o tão saudado “arrojo” do Master se baseava na emissão de CDBs sem lastro. Com esse esquema o Master viu seu patrimônio líquido crescer, de 2019 a 2024, mais de 20 vezes, de R$ 200 milhões para R$ 4,7 bilhões. Sua carteira de crédito cresceu de R$ 1,4 bilhão para impressionantes R$ 40 bilhões. Em 2025, o total de emissões de CDBs chegou a R$ 50 bilhões.
O resultado foi um rombo de R$ 12 bilhões em investimentos sem lastro ou apoiados em créditos podres. Para fechar essa conta, e garantir a solubilidade do negócio, Daniel Vorcaro, acionista majoritário do Master, fez como todo bom burguês sempre faz quando seus negócios estão em risco: acionou seus “amigos” no mundo da política burguesa para socializar os prejuízos com a sociedade. Nesse momento entra na jogada o Banco de Brasília, BRB. Com respaldo de Michel Temer, o governador Ibaneis Rocha (MDB) topou a oferta de comprar uma carteira de crédito inexistente do Master no total de R$ 12 bilhões. Por fim, o BRB anunciou a compra do próprio Master por R$ 2 bilhões, mas a operação foi anulada pelo Banco Central.
Vorcaro acionou outros políticos ligados ao Centrão para salvar sua pele. Ciro Nogueira, senador pelo PP e um dos principais articuladores de Tarcísio de Freitas para a candidatura à presidente em 2026, conseguiu barrar uma CPMI para investigar o banco. E foi de Ciro Nogueira, também, a ideia de propor uma PEC para aumentar a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de R$ 250 mil para R$ 1 milhão. Mas a PEC foi rejeitada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
O Master lesou mais de 1,6 milhão de investidores. Alguns destes são fundos de pensão de servidores públicos, como o Rioprevidência, com investimento de R$ 970 milhões em CDBs do banco.
Além de muito dinheiro público, o Master e outra empresa ligada a Vorcaro, a Akka Empreendimentos, recebeu dinheiro de fundos de investimento suspeitos de ligação com o PCC, como a Hans 95, maior investidora de uma outra empresa, Super Empreendimentos, dona da mansão de R$ 35 milhões onde mora Vorcaro. Um dos diretores da Super, Fabiano Zettel, é cunhado de Vorcaro e foi o maior doador individual para as campanhas de Tarcísio de Freitas e de Bolsonaro na eleição de 2022. Isso é razão suficiente para explicar porque o deputado Guilherme Derrite (PP/SP), relator da PEC da Antifacção, tentou tirar a Polícia Federal das investigações do crime organizado.
O rombo total deixado pelas operações fraudulentas é de R$ 41 bilhões, o maior de toda a história, e será coberto com dinheiro público do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), um tipo de “bolsa-banqueiro” criado por Fernando Henrique Cardoso para salvar bancos quebrados por trambiques de seus próprios donos. Essa socialização dos prejuízos tem sido prática comum do capital financeiro. A Eletrobrás, agora sob controle de Lemann por meio do Grupo 3G, será socorrida pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, para garantir investimentos na empresa.
O caso do banco Master exemplifica como o capital financeiro focado em investimentos é, hoje, a maior organização criminosa do Brasil. Para ampliar sua carteira de investimentos e captar mais recursos de investidores, ela apoia uma política de privatizações cujo objetivo é transformar serviços públicos em ativos financeiros a serem explorados com tarifas abusivas e precarização dos serviços. Atua como lavanderia do dinheiro das facções criminosas, como provou as investigações da operação Carbono Oculto, financiando por tabela suas atividades. E os bancos comerciais, além de fazerem tudo isso, praticam uma agiotagem legalizada, cobrando juros escorchantes do povo no cartão de crédito ou cheque especial.A investigação dos crimes financeiros do banco Master não pode ser interrompida ou barrada por qualquer conveniência política do governo. Precisam ser levadas às últimas consequências, doa a quem doer. E também mostram a necessidade urgente de se estatizar todo o sistema financeiro, colocando sob controle público e a serviço público, um fabuloso volume de recursos cujo papel é o de financiar obras que melhorem a vida do povo.
Liga Comunista Brasileira
26 de novembro de 2025