PREPARAR O PAÍS PARA ENFRENTAR OS ATAQUES IMPERIALISTAS.
O ataque de Trump ao Brasil é parte da agenda global do imperialismo, que tenta evitar a perda vertiginosa de sua hegemonia. Os ataques começaram com a sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, a partir de 1º de agosto. Agora, evoluíram para a abertura de uma investigação nos EUA sobre supostas “práticas desleais” nos serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo brasileiro. O alvo é o Pix, que concentra 34% das transações eletrônicas, reduzindo a participação dos cartões de crédito de empresas estadunidenses para apenas 4,59%.
A Rua 25 de Março, popular centro comercial de São Paulo, também entrou na mira. Comerciantes são acusados de vender produtos falsificados, violando a propriedade intelectual. Outra grave ameaça veio do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, que cogita impor tarifas comerciais de 100% caso o Brasil mantenha relações com a Rússia.
Por fim, os ataques agora atingem membros do STF: oito dos 11 ministros, além do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, tiveram seus vistos de entrada nos EUA cancelados. A decisão ocorreu logo após Bolsonaro ser alvo de ação da Polícia Federal. Na carta em que anunciou as sobretaxas, Trump exige o fim do que considera “perseguição” ao ex-presidente. Ele condiciona o fim das sanções à anulação do processo contra Bolsonaro, escancarando a aliança entre o bolsonarismo e o imperialismo.

Esse é um motivo adicional para se exigir a prisão, com a perda do mandato, dos membros da família Bolsonaro envolvidos com crimes e/ou nas articulações com os Estados Unidos para prejudicar o país.
O imperialismo está disposto a usar qualquer justificativa para atacar o Brasil. Estamos sendo arrastados para uma guerra em múltiplas frentes. É urgente preparar o país para o agravamento dos ataques.
Primeira medida: alterar radicalmente a doutrina de defesa nacional, atualmente focada no “inimigo interno” (o povo e suas organizações). É preciso construir uma nova doutrina voltada à defesa contra o inimigo estrangeiro. O que implica mudança na formação e mentalidade dos militares, retomada de uma indústria nacional de defesa com tecnologia própria e suspensão de treinamentos conjuntos com o exército dos EUA, como a “Operação CORE”, prevista para ocorrer na caatinga pernambucana.
Segunda medida: remover os entraves ao desenvolvimento econômico nacional, com foco no progresso social e bem-estar do povo. É necessário enfrentar as taxações de Trump com aumento dos gastos públicos, o que exige revogar o arcabouço fiscal, que restringe o investimento estatal. Urge construir uma economia autossuficiente, com geração de empregos e renda, ampliação de direitos sociais e trabalhistas, universalização dos serviços públicos, reestatização de empresas, estímulo à produção agrícola para alimentar o povo e proteção aos segmentos mais vulneráveis.
Por fim: é essencial mobilizar o povo. Não se pode enfrentar o imperialismo contando apenas com os capitalistas afetados pelas sanções. A burguesia brasileira é débil e covarde, trata o país como ativo a ser negociado. Diante da pressão imperialista, cederá “por uns dólares a mais”. A única força capaz de resistir ao imperialismo de forma consequente são as massas trabalhadoras. É preciso politizá-las, organizá-las e chamá-las à luta.
Liga Comunista Brasileira – LCB
22 de julho de 2025.
