SOLIDARIEDADE TOTAL À VENEZUELA
O imperialismo estadunidense, em decadência, busca adiar o fim da sua hegemonia pelo recurso à guerra contra os povos do mundo e do seu próprio país. A bola da vez é a Venezuela, cujo governo legítimo do presidente Nicolás Maduro é acusado pelo governo Trump de ser um polo produtor de drogas exportada aos Estados Unidos.
Porém, o Relatório Mundial sobre Drogas da ONU, de 2025, divulgado em agosto, mostra o contrário. Quase 90% da cocaína produzida e traficada para os Estados Unidos é produzida na Bolívia, Colômbia, México e Peru. E a rota utilizada não é o mar do Caribe, mas o Oceano Pacífico. A Venezuela sequer é mencionada.
O interesse de Trump de querer atacar a Venezuela são suas gigantescas reservas de petróleo. O país possui reservas calculadas em 300 bilhões de barris e mais 1 trilhão de areia betuminosa, um tipo de petróleo não convencional. A acusação de narcoterrorismo, do qual o presidente Maduro participaria como líder de um suposto cartel, serve apenas para justificar uma tentativa de mudar o regime político do país e se apropriar dessa imensa riqueza.
Para alcançar esse objetivo Trump tem, nos últimos quatro meses, escalado o conflito com a Venezuela. Deslocou para o mar do Caribe uma frota naval que inclui o maior porta-aviões dos Estados Unidos, o USS Gerald Ford. E tem criminosamente atacado pequenas embarcações de pescadores, acusados sem qualquer prova de estarem transportando drogas para os Estados Unidos.
Combinada às pressões militares, há uma intensa pressão política e diplomática, no sentido de fazer o presidente Maduro renunciar. Para alcançar essa meta, um poderoso sistema de desinformação baseado em calúnias e mentiras busca manufaturar a opinião pública, induzindo-a a crer num suposto isolamento internacional e perda de apoio interno do governo.
O resultado de toda essa pressão tem sido pífio. O povo venezuelano, mesmo setores de oposição ao chavismo, mostram-se dispostos a defender a soberania nacional. E a tentativa de criar fissuras dentro das forças armadas, a ponto de estas darem um golpe de Estado e entregarem o poder à oposição lacaia do imperialismo, tem se mostrado infrutífera.
Trump, no momento, se encontra numa situação delicada. Sua base eleitoral recusa novas aventuras militares e ele se elegeu com a promessa de não enfiar os Estados Unidos em novos conflitos pelo mundo. Por isso, sua tática foi a de botar pressão e aumentar a escalada militar sobre o governo e as forças armadas venezuelanos, até estas, ameaçadas, cederem.
Mas isso não ocorreu e, agora, resta-lhe a solução militar. Porém, uma invasão para ocupar um país como a Venezuela, demandaria um volume de tropas muito maior. A saída honrosa seria realizar ataques contra objetivos de infraestrutura, ou a chamada “operação de decapitação” feita por tropas especiais, sempre com a expectativa de ocorrer um colapso na cadeia de comando político e militar.
As oligarquias latino-americanas, incluindo a brasileira, torcem pela derrocada do governo Maduro. Para elas o exemplo venezuelano precisa ser derrotado. O sucesso do projeto bolivariano, se derrotados o ataque militar e a guerra econômica que busca criar dificuldades ao povo venezuelano, o retorno à normalidade fará a renda petroleira melhorar a vida do povo. Por isso as oligarquias latino-americanas se alinham ao projeto estadunidense de derrotar a revolução bolivariana, para não se transformar em uma fonte indesejada de pressão dos povos do continente.
Nesse cenário, não adianta setores da esquerda, por conveniência eleitoral, quererem se esconder desse debate. A Venezuela precisa ser defendida e apoiada sem vacilo. A estratégia estadunidense de derrubar Maduro, se bem-sucedida, será replicada em toda a América Latina. A Nova Estratégia de Segurança dos Estados Unidos, divulgada na semana passada, citou textualmente a Doutrina Monroe. Diante de adversários geopolíticos poderosos, como China e Rússia, os Estados Unidos querem garantir a América Latina como sua reserva estratégica de poder e influência.
Nesse contexto, o governo Lula precisa se posicionar de modo claro. Se o governo pensa que evitar um novo embate com Trump, depois doa tarifaço, o poupará de novos ataques, está enganado. Por isso, deve-se exigir do governo Lula uma posição firme de repúdio às ameaças de guerra e de respeito à soberania venezuelana.
O ataque à Venezuela é a antessala de um ataque ao Brasil, em uma região historicamente cobiçada pelo imperialismo.
Liga Comunista Brasileira
11 de dezembro de 2025